"Quando te conheci andavas sempre de cabelo solto. Tinhas um cabelo
bonito, meu amor, loiro e liso, sempre com um cheiro a camomila e a
alfazema, que eu bem me recordo. (...) Quando a vida nos juntou – para sempre- lembro-me daquele novo primeiro
beijo, de mergulhar as mãos no teu cabelo como se estivesse em casa, ao
fim do dia, a mesma sensação de descalçar os sapatos, de regresso a
casa. Depois de sermos pais, os cabelos passaram a andar presos, porque a Ana
tos puxa, porque precisas de mudar fraldas, de dar banhos, cabelos longe
dos olhos, presos num rabo-de-cavalo, numa trança, o mesmo cheiro a
camomila e alfazema, mas presos, apanhados na teia do quotidiano com
filhos, da maternidade que se quer sem embaraços, logo os teus cabelos,
meu amor, potros indomáveis.(...)
De caminho te peço: soltas o cabelo, meu amor?"
1 comentário:
Mas que ternura!!
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